Christine Ruta (1)
Helena de Oliveira Souza, Aline da Cruz Barbosa, Ascanio Guimarães Ribeiro, Cristiane de Oliveira Freitas, Juliana de Araújo Gallo, Lorena Soares Agostinho, Luana Pinho de Oliveira, Marcelo Coelho da Cunha, Meriane dos Santos Paula (2)

 

Histórico e Origem do Scientificarte no Norte Fluminense

A - Colégio Municipal do Botafogo Feira de Cultura de Macaé2c Macaé-RJ  28200729

Em 2006, chegam os primeiros docentes no campus Macaé daUniversidade Federal do Rio de Janeiro através da implatanção do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. No ano seguinte, o projeto “Scientificarte” é criado e o campus recebe a primeira aprovação do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX) da Pro-Reitoria de Extensão da UFRJ (PR5). Atualmente, o projeto também recebe o apoio do Programa Institucional de Fomento à Cultura e ao Desporto da PR5. Nos anos subsequentes outros cursos e projetos foram implementados, neste processo o Scientificarte sempre buscou a interação junto a estes. Em 2010, o Scientificarte e outros projetos fundam o “Arte, Mídia e Educação – AME”, um núcleo temático de estudos interdisciplinares que visa otimizar através de ações integradas a difusão dos resultados extensionistas ligados a este tema no campus. O AME possui um espaço na UFRJ-Macaé onde o planejamento e a execução dos projetos é realizada. Assim, a história do Scientificarte segue em paralelo ao desenvolvimento do campus. Scientificarte é o nome fantasia do projeto, formado pelas palavras ‘Scientia’ (do latim, significa Ciência) e Arte (do português), os dois idiomas foram utilizados em função da melhor sonorização do nome, criando-se então um neologismo que pretende significar “a fusão entre a Ciência e Arte”. Ainda persiste no meio acadêmico e na sociedade em geral a tendência em separar essas duas áreas de saberes. Porém, conforme Czegledy (2003: 126), desde o início a Arte influenciou muito a Ciência e, nos últimos tempos especialmente, a Ciência e a Tecnologia imprimiram uma marca significativa sobre a Arte. Materiais e métodos podem ser diferentes, mas as estimulações cruzadas são frequentes e férteis para a Arte, a Ciência e a Tecnologia.

O Aprendizado em Ciências e a Difusão da Arte

O Scientificarte utiliza expressões artísticas como recurso metodológico para melhoria das atividades cognitivas  no ensino de Ciências.  Ao mesmo tempo que a metodologia didático-pedagógica interdisciplinar através da Arte é aplicada para sensibilizar e dinamizar o ensino de Ciências, também a aproximação destas áreas de saberes proporciona ao público o prazer do contato com a Arte, uma vez que a mesma, principalmente em municípios do interior, é carente deste tipo de acesso, podendo inclusive fomentar a criatividade e despertar dons artísticos nunca antes explorados. Esta metodologia de combinação de saberes, recomposição da organização cognitiva e difusão cultural que o Scientificarte se propõe vai contra a “educação bancária” denominada por Freire (1996) apud Oliveira (2000: 2), acrescida de massiva memorização de conteúdos impostos e apartados de seus contextos e de suas questões práticas (Carvalho, 2007 apud Oliveira, 2000: 2).

O efeito Multiplicador na Sociedade

As atividades desenvolvidas pelo Scientificarte tem sido aplicadas em instituições de ensino e espaços abertos através de oficinas interativas elaboradas a partir de objetos científicos, especialmente biológicos, e artísticos do teatro, dança, literatura, pintura etc. Até o presente momento, foram aplicadas 23 oficinas, destacando-se: Desenhando a Água”, através da conexão entre as pinturas dos lagos de ninféias de Claude Monet e a fauna e flora presente nas lagoas costeiras de Macaé; “Túnel de Poliqueta”, onde através do artesanato um organismo de praia pouco conhecido pelo público, porém importante na cadeia marinha foi apresentado; “Fotografia da Cuca”, interagindo  a pintura de Tarsila do Amaral e a diversidade de seres vivos; e “Viagem Submarina”, inspirado na obra“Vinte Mil Léguas Submarinas” de Jules Verne e na poluição marinha (Fig. 1). Um total de 6.000 pessoas participaram das oficinas, em sua maioria alunos e professores da rede pública do ensino básico. A efetividade do método foi observadaquanto a melhoria da percepção e fixação do conteúdo científico através de questionários distribuídos para o público antes e após a participação nas oficinas, havendo um maior alcance do método em crianças de 5 a 12 anos.

cientificart

Figura 1. Oficinas realizadas pelo Scientificarte: A – Colégio Municipal do Botafogo, Feira de Cultura de Macaé, Macaé/RJ (2007); B – Desenhando a Água, Congresso Brasileiro de Limnologia (2007), Macaé/RJ; C – Fotografia da Cuca, Festival UFRJMar, Cabo Frio/RJ (2008); D e E – Túnel de Poliqueta, Festa do Mar, Paraty/RJ (2008); F – Viagem Submarina, Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, Macaé/RJ (2013).

Participam do Scientificarte, docentes, técnicos e graduandos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (UFRJ-Macaé), e sendo o projeto uma experiência prática em educação não-formal e interdisciplinar que nem sempre é tão difundido através de disciplinas, a participação de licenciandos, professores do amanhã do ensino fundamental e médio, tem o efeito multiplicador nos resultados do projeto e o ensino de Ciências é ainda mais beneficiado.

O projeto tem como perspectivas para 2013 criar ações integradas em prol da cultura e meio ambiente para celebração dos 200 anos de Macaé, utilizar os materiais pedagógicos elaborados como instrumentos didáticos nos diferentes segmentos de ensino através de material áudio-visual que estão em fase final de elaboração, além de implementar parcerias com instituições, como a Casa da Ciência da UFRJ.

 

Czegledy, N.. 2003. Arte como Ciência: Ciência como Arte. In: Domingues, D. (Org.) Arte e vida no século XXI. São Paulo: UNESP. p. 125-146.

Oliveira, D.F. 2000. Ciência e Arte: “entre-lugar” no ensino de Biociências e Saúde. Florianópolis: Encontro Nacional de Pesquisa em educação em Ciências. p. 1-11.

(1) Docente
(2) Estudante