Guilherme Cordeiro da Graça de Oliveira (Docente, D.Sc)*; Cássia Curan Turci (Docente, D.Sc); Filipe Saraiva de Sá Silva (Discente); Luyne dos Santos Pereira Cordeiro de Oliveira (Discente);  Sabrina de Abreu e de Abreu (Discente). *Instituto de Química - Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

1 - Introdução

Esse trabalho abrange planejamento, execução e avaliação de visitas guiadas ao Museu da Geodiversidade por parte de alunos de nível médio da rede pública do Estado do Rio de Janeiro. Os principais objetivos foram: (i) Despertar nos alunos a motivação pela busca autônoma dos conhecimentos através de aulas não-formais; (ii) Estabelecer o Museu da Geodiversidade como um espaço não-formal, potencialmente motivador, para ensino e aprendizagem de química e (iii) Viabilizar o acesso ao patrimônio, à cultura e aos ambientes não-formais de ensino e aprendizagem a alunos oriundos de região carente de tais espaços. O referencial teórico adotado considera o Modelo de Aprendizagem Contextual (Falk, 2005). Questionários aplicados antes, durante e depois das visitas forneceram os dados para a avaliação do procedimento adotado.

2 – Metodologia

O público alvo desta investigação foi composto por alunos do 2o ano de nível médio de uma escola pública estadual localizada na periferia do município do Rio de Janeiro.

Visitas prévias foram realizadas pela equipe que desenvolveu a pesquisa com objetivo de se obter uma descrição detalhada do acervo do museu e sua relação com a química. A importância de se conhecer os museus e as histórias das coleções, visando realizar na mediação um efetivo trabalho educativo, foi discutida na literatura por Marandino (2009).

Os questionários aplicados antes, durante e após as visitas são referenciados neste texto como questionário 1, 2 e 3 respectivamente. O questionário 1, composto de questões abertas e em escala de Likert de 5 níveis, avaliou o perfil sociocultural, as expectativas com relação à visita e as impressões dos alunos com relação à química; o questionário 2 foi elaborado na forma de perguntas abertas cujas respostas podiam ser encontradas nos vídeos ou nos textos explicativos do museu e o questionário 3, composto de questões abertas e em escala de Likert de 5 níveis, avaliou as impressões comparadas às expectativas, os ganhos cognitivos (aprendizagem de conceitos químicos) e afetivos (emoção e motivação em buscar as respostas).

A dinâmica adotada durante as visitas - a recepção, a mediação e a aplicação dos questionários – foi elaborada com intuito de oferecer aos alunos um ambiente lúdico e descontraído, capaz de facilitar a motivação pela busca das respostas resultando em ganhos afetivos e cognitivos. Esta dinâmica assemelha-se àquela empregada pelo mesmo grupo de pesquisadores em visitas guiadas ao Museu Nacional e está pormenorizada na literatura (Oliveira et al. 2011).

3 – Resultados e Discussão

São apresentados aqui os resultados referentes a 5 visitas com um total de 85 alunos.

Questionário 1: A idade dos alunos investigados variou entre 15 e 19 anos sendo que, 69 alunos (81,2 %), tinham entre 16 e 17 anos de idade, ou seja, a maioria encontrava-se com idade correspondente à escolaridade (2o ano de nível médio). Quanto ao gênero, 44 (51,8 %) foram do sexo feminino. Apenas 11,8 % dos alunos afirmaram que trabalham sendo que as atividades citadas com maior freqüência foram de comerciário e aprendiz. Quando indagados se faziam algum curso fora da escola, 41,2 % dos alunos responderam afirmativamente e os cursos mais citados foram informática e inglês. Com relação às expectativas em relação à visita ao Museu, a maioria das respostas obtidas (75,3 %) apontou na direção de que os alunos esperavam poder aprender e adquirir novos conhecimentos.

Dos alunos investigados, 44 (51,8 %) concordaram que sentiam dificuldades quando tinham que fazer cálculos em química, o que evidencia a necessidade de uma base matemática adequada que facilite o aprendizado da química; 43 alunos (50,6 %) concordaram que a química ajuda a compreender o que se passa no mundo; 25 (29,4 %) não gostam de química e 73 (85,9 %) concordaram que se sentiriam mais motivados se tivessem aulas em laboratório. Esses resultados mostram a necessidade de se elaborar aulas de química que sejam mais atraentes, contextualizadas e, se possível,  acompanhadas com experiências práticas.

Questionário 2: Esse questionário é composto por 8 perguntas abertas cujas respostas eram encontradas nos textos explicativos ou vídeos em exposição. De um total de 680 respostas, o índice de acertos superior a 80 % revelou que os alunos estavam motivados na busca pelas respostas.

Questionário 3: Dos alunos investigados, 70 (82,4 %) concordaram que a visita despertou sua curiosidade por algum aspecto da química ou da ciência em geral; 78 (91,8 %) concordaram que aprenderam coisas importantes; 73 (85,9 %) concordaram que a visita superou sua expectativa e 72 (84,7 %) concordaram que se sentiram estimulados em responder o questionário 2.

            Ao final da visita os alunos eram indagados sobre o que mais gostaram, menos gostaram ou não gostaram. Algumas respostas significantes podem ser destacadas:

Aluno 1: “não tem nem como escolher entre um e outro, gostei de tudo! Obrigado por tudo, a UFRJ é show!”

Aluno 2: “gostei de tudo, tudo mesmo, gostei da pedra que é feia por fora e linda por dentro (geodo), gostei de aprender a história da Terra, gostei da sala que é uma simulação de um terremoto, gostei de aprender sobre a formação dos fósseis, gostei de conhecer os primeiros animais e aprendi que a estrela cadente não é a estrela dos desejos…”

            A Figura 1 apresenta o registro fotográfico de dois momentos durante a visita ao Museu da Geodiversidade.

visita guiada1

viisita guiada2

Figura 1 – Registro Fotográfico durante a visita

4 - Conclusões:

Tendo em vista os resultados obtidos, conclui-se que: (i) o procedimento e a dinâmica adotados foram capazes de despertar a curiosidade e a motivação dos alunos visitantes; (ii)  o Museu da Geodiversidade constitui um espaço não-formal de educação em química e ciências em geral adequado para alunos de nível médio.

5 – Referências Bibliográficas:

FALK, J.; STORKSDIECK, M. Learning Science from Museums. História, Ciência e Saúde, Rio de Janeiro, v. 12(supl.), p. 117198, 2005.
MARANDINO, M. Museus de Ciências, Coleções e Educação: relações necessárias. Museologia e Patrimônio, Rio de Janeiro, v. 2, p. 1-12, 2009.
OLIVEIRA, G.G.O.; TURCI, C.C.; TEIXEIRA, B.; SILVA, E.M.; GARRIDO, I.S.; MORAES, R. Social Inclusion Through Access to Heritage, Culture and Education in an Informal Enviroment. Field Actions Science Reports, vol. 3, pp. 1–7, 2011.