Espaço Ciência NUPEM/UFRJ: comunicação com a sociedade para a promoção do desenvolvimento socioambiental no Norte Fluminense. 


O Espaço Ciência NUPEM/UFRJ é um local de educação científica, onde ocorrem visitas monitoradas a uma exposição formada por exemplares taxidermizados e réplicas da fauna silvestre da região Norte Fluminense. Ele se insere entre os projetos de extensão do campus Macaé da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o objetivo central de criar conexão dos visitantes com a biodiversidade da região, a fim de desenvolver a consciência ambiental e ecológica. Pretende-se assim contribuir para a conservação ambiental regional. Além disso, o Espaço contribui para o estímulo à curiosidade científica dos visitantes, para a formação continuada dos professores da educação básica e para a formação dos alunos de Licenciatura que participam do projeto como Bolsistas, estimulando seu aprimoramento em relação às estratégias de ensino não formal. O Espaço é também uma das portas de entrada para a interação entre a Universidade e a sociedade.

            Existente desde outubro de 2008, o projeto conta com os auxílios do Programa Institucional de Fomento à Cultura e ao Desporto e do Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX) da Pró-Reitoria de Extensão (PR-5) da UFRJ. Sua constituição explica-se pelo contexto da cidade de Macaé e de seu entorno, inseridos em um modelo de desenvolvimento centrado na extração de petróleo, com graves impactos ambientais. O Núcleo de Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé (NUPEM), onde se localiza o Espaço Ciência, teve como um dos grandes motivadores de seu surgimento justamente o desafio de reverter ou atenuar a destruição dos recursos naturais da região. É nesse sentido que se orienta o esforço de ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade regional e a consciência ambiental da população da região. O Espaço Ciência é também o primeiro local a abrigar uma exposição científica pública e permanente na cidade de Macaé.

            A dinâmica das visitas ao Espaço orienta-se pela concepção pedagógica construtivista, na qual o visitante é sujeito ativo no processo educativo e também responsável pela construção do conhecimento (Marandino, 2009). Dentro dessa conotação, procura-se promover a troca ativa entre os visitantes e o material exposto, em um ambiente estimulante, que promove uma forte interação entre o público e os monitores. Dessa forma, a educação científica voltada para o meio ambiente ocorre pela imersão dos visitantes numa realidade que remete ao mundo biológico.

            A exposição atual, denominada “Diversidade dos Ecossistemas Costeiros do Norte Fluminense”, conta com réplicas de toninha e de tubarão anequim e com exemplares taxidermizados de tartaruga marinha, aves aquáticas, mamíferos terrestres ameaçados de extinção e um esqueleto de golfinho. Parte desse acervo foi preparado no NUPEM por bolsistas vinculados ao projeto a partir de exemplares vitimados por atividades humanas (Fig. 1). Estes exemplares são preparados utilizando-se técnicas de taxidermia artística, sendo, portanto, convertidos em um poderoso meio para a difusão de informações sobre a importância da biodiversidade. Nas visitas, o público é estimulado a entrar em contato com as peças em exibição e os monitores – estudantes do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – compartilham informações sobre anatomia, comportamento e ecologia dos organismos expostos. Orientações sobre procedimentos ambientalmente sustentáveis também são fornecidas, estimulando os visitantes a associar o que estão vendo com seus conhecimentos prévios sobre o tema. A experiência dos visitantes envolve um contato bem mais próximo com a fauna do que normalmente é oferecido em cursos teóricos e salas de aula.

Espaço Ciencia NUPEM UFRJ Imagem1 Fig. 1 – Preparação de exemplares taxidermizados (A-D); alunos e professores do Ensino Fundamental de Macaé em visita ao Espaço Ciência NUPEM/UFRJ, em outubro de 2011 (E). 

            A partir de 2011, as visitas passaram a ser avaliadas por meio de questionários, onde é identificado o que mais gostaram na exposição, as sensações experimentadas durante a visita, as formas preferidas para conhecer os animais e a importância da visita para conhecer a natureza e os animais. Recentemente, foi introduzida uma nova forma de, feita através da redação de um diário da visita, por um dos monitores, com a descrição densa das interações do público com o espaço. Com uma média de 100 visitantes por semana nos últimos dois anos, totalizou-se cerca de 2000 visitantes ao longo da existência do projeto. Apenas em 2012, cerca de 1000 estudantes, professores e outros profissionais passaram pelo Espaço, que participou também da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, entre outros eventos. Considerando-se apenas o ano de 2012, um total de 88,7% dos 383 estudantes que responderam ao questionário entre abril e novembro afirmaram que preferem conhecer os animais por meio de exposições ao invés de outros meios de comunicação, tais como livros ou programas televisivos. Cerca de 83,5% das respostas sobre as sensações experimentadas foram consideradas positivas, tendo sido expressas por palavras como “alegre”, “curiosidade”, “interessante”, “emoção” e “felicidade”. Indicando um bom grau de cumprimento dos objetivos do projeto, 49,9% das respostas mostraram que a visita despertou interesse pelo conhecimento ambiental, manifesto por expressões como “muita curiosidade”, “interesse”, “vontade de saber mais” e “curiosidade e interesse em estudá-los”, entre outras semelhantes.

            Com isso, estão sendo cumpridos os objetivos de contribuir para a descentralização e democratização do conhecimento científico e tecnológico no Estado do Rio de Janeiro, bem como para a complementação da formação dos estudantes do ensino médio e fundamental e dos próprios alunos do curso de Ciências Biológicas que participam do projeto. O projeto vem se fortalecendo, e tem como perspectivas para sua continuidade o aumento do número de bolsistas e do acervo de animais taxidermizados, a expansão da divulgação e as possibilidades de ampliar o público para uma população que vá além dos estudantes e docentes do ensino Médio e Fundamental.

Referências
Marandino, M. 2009. Museu como lugar de cidadania. Museu e escola: educação formal e informal. Salto para Futuro (MEC). Ano XIX, n. 3. p. 29-35.

Autores - Campus UFRJ-Macaé

Prof. Doutor Fabio Di Dario
Profª. Doutora Giuliana Franco Leal
Prof. Doutor Pablo Gonçalves
Profª. Doutora Christine Ruta
Susana de Sá Marques - Técnica em Assuntos Educacionais
Aldo Caccavo de Araújo - Técnico de Nível Superior
Matheus Maia de Souza Pereira - Estudante de graduação
Érica Sardela de Oliveira - Estudante de graduação
Caroline Chagas Pereira Leite - Estudante de graduação
Bárbara de Pinho Agapito - Estudante de graduação
Victor Alexandre Oliveira Seixas Ferrão - Estudante de graduação
Mariana Xavier Sampaio - Estudante de graduação
Tamara Scarpini do Nascimento -  Estudante de graduação