Margareth Xavier da Silva; Aki Uehara; Joana Dias da Costa; Emília Freitas; Anna Paola Trindade da Rocha Pierucci; Cristiana Pedrosa

INTRODUÇÃO

A escola é o segundo ambiente social na vida do indivíduo, sendo o primeiro a família (Ministério da Educação, 1998). E devido à transição nutricional, há a necessidade de adoção de práticas educativas com escolares, que mostrem os benefícios de uma alimentação saudável, pois as crianças vêm adquirindo o padrão alimentar dos adultos e estão desenvolvendo precocemente as doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes, dislipidemia e hipertensão (Suñe, 2007).
A utilização das oficinas culinárias como metodologia de educação alimentar poderá favorecer o aprendizado e a conscientização a respeito dos alimentos saudáveis, porque utiliza o conjunto de recursos que envolvem todos os sentidos: a visão, o olfato, a audição, o paladar e o tato (Bizzo e Leder, 2005; Castro, 2007).
Logo, esse estudo objetivou conhecer considerações de estudantes de Escola Pública sobre oficinas culinárias, técnica para educação alimentar, que deve ser avaliada pelos sujeitos envolvidos para que possa ter a sua adesão e assim contribuir na prevenção de doenças e promoção de saúde entre escolares, podendo ser amplamente adotada nas redes de ensino fundamental.

MATERIAL E MÉTODOS

Público alvo
Participaram das atividades na Escola Pública Municipal do Rio de Janeiro- RJ, duas alunas de graduação e duas de pós-graduação do Instituto de Nutrição Josué de Castro, na Universidade Federal do Rio de Janeiro que desenvolvem pesquisas no Laboratório de Desenvolvimento de Alimentos para Fins Especiais e Educacionais. O publico alvo desse projeto foram os alunos do 3º ao 5º ano do ensino fundamental, com idades entre oito e dez anos, totalizando 125 estudantes. Os professores das turmas do projeto presenciaram as atividades propostas.

Atividades relacionadas às oficinas culinárias
As turmas realizaram uma oficina de culinária, atividades educativas e gincanas, uma vez por semana, durante quatro semanas, no refeitório escolar. Para início das atividades, os alunos colocavam touca, e em grupos eram chamados à higiene das mãos. O alimento preparado pelos alunos nas oficinas foi degustado por todo o grupo, ao final das atividades.
Os escolares participaram de atividades informativas, empregando a pirâmide alimentar e um cartaz denominado: “Alimentos: de onde vêm, o que são e o que contém”. O cartaz era ilustrado com figuras relacionadas à origem dos alimentos, como são comercializados e quais seus principais nutrientes.
As gincanas educativas utilizaram o jogo da pirâmide e do prato saudável. Cada grupo recebeu dois envelopes com figuras, para colar em uma pirâmide vazia e em um prato saudável, a partir da escolha do que seria saudável para uma grande refeição (almoço ou jantar). A pontuação final constituiu-se da soma dos resultados de ambos os jogos (pirâmide e prato).

Aprovação do Comitê de Ética
Esse projeto obteve a aprovação do Comitê de Ética (IESC/UFRJ) e foi realizado com respeito às normas contidas na resolução nº196/96 Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as práticas de pesquisas envolvendo seres humanos. Os responsáveis por cada aluno também autorizaram a participação dos escolares na pesquisa, incluindo direito ao uso da voz e da imagem dos estudantes.

RESULTADOS
Durante as atividades informativas, com a pirâmide alimentar e o pôster dos alimentos, os alunos conseguiram identificar as figuras da pirâmide, mas não reconheceram o açúcar mascavo no pôster. Assim, o produto foi utilizado como ingrediente na preparação do bolo de banana e também, oferecido para degustação. Demonstrou-se ainda, a diferença entre o açúcar mascavo e o refinado.
As gincanas educativas obtiveram empate com as turmas do 3º e 4º anos. Para o desempate, foi proposto às turmas de alunos que compusessem uma refeição saudável com uma preparação de massa com recheio de carne e ganhou o grupo que escolheu salada para completar esse prato saudável.

CONCLUSÕES
A maioria das turmas obteve bom aproveitamento das atividades lúdicas, no que diz respeito à participação e ao aprendizado. A presença e a participação dos professores das turmas junto com seus alunos, estimulava-os a responderem as perguntas feitas pela equipe da pesquisa aos escolares. Outros estudos devem ser desenvolvidos com a participação dos demais membros da comunidade escolar, conscientizando a respeito da importância da alimentação para a qualidade de vida.


REFERÊNCIAS

BIZZO, Maria Letícia Galluzzi; LEDER, Lídia. Educação nutricional nos parâmetros curriculares nacionais para o ensino fundamental. Rev. Nutr., v.18, n.5, p. 661-667. out 2005.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília, DF; 1998. 115p.
CASTRO, Inês Rugani Ribeiro; et. al. A culinária na promoção da alimentação saudável: delineamento e experimentação de método educativo dirigido a adolescentes e a profissionais das redes de saúde e de educação. Rev. Nutr. v.20, n.6, p. 571-588. nov/dez 2007.
HALLAL, Pedro Curi; BERTOLDI, Andréa Dâmaso; GOLÇALVES, Helen; VICTORIA, Cesar Gomes. Prevalência de sedentarismo e fatores associados em adolescentes de 10-12 anos de idade. Cad Saúde Pública. v.22, n.6, p. 1277-1287; jun 2006.