Resenhas
MÉSZÁROS, ISTVÁN. A EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL. SÃO PAULO: BOITEMPO, 2008. (126 páginas)
Por Cristiane da Costa Lopes Roma[i]
A presente obra de István Mészáros - que tem como base o livro Para além do capital (Boitempo, 2002) e o ensaio escrito para a conferência de abertura do Fórum Mundial de Educação, realizada em Porto Alegre, em 2004[ii] - é de grande valia para refletirmos sobre a importância da extensão na Universidade, a partir de uma nova concepção: a indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão e uma interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade.
Ao abordar a temática da Educação, Mészáros irá resgatar a relação de duas categorias indissociáveis: educação e estrutura social, considerando nesse processo seus fundamentos histórico-ontológicos. Nesse sentido, entende que é necessário romper com a lógica do capital para que se resgate as faculdades criativas e emancipatórias da educação. Sob a égide do sistema capitalista, a educação promove o consenso, “internaliza” nos indivíduos a legitimação da ordem burguesa.
A naturalização desse sistema de “internalização” dos valores dominantes é apresentada mediante as concepções de Adam Smith e John Locke, já os ideais reformistas, a tentativa de avançar no interior da lógica capitalista e apresentada através dos pensadores Robert Owen, socialista utópico e Edward Bernstein. Contudo, Mészáros, tendo como referência autores como Marx e Gramsci, acredita em uma práxis educativa emancipatória.
Para o autor, educar não é a mera transferência de conhecimento e tão pouco deve se encerrar no terreno estrito da pedagogia, mas tem de ir para as ruas, para os espaços públicos. A Educação deve ser pensada no seu sentido amplo, tendo como base a universalização da educação e do trabalho como atividade humana auto-realizadora. Nessa direção, Mészáros nos faz pensar a importância da extensão para a Universidade, à medida que a extensão possibilita a socialização do conhecimento produzido na academia, pautada em uma interação dialógica, a partir do diálogo e da troca de saberes e reforça a função social da Universidade.